Plástico e meio ambiente em pauta nesse bate-papo conduzido por Ricardo Lopes

E no Circulando Entrevista de hoje o founder Ricardo Lopes entrevistou Elias Caetano, Diretor Executivo do SINPLASC (Sindicato das Indústrias de Material Plástico do Sul de Santa Catarina) e liderança ativa no setor plástico, focando em temas de sustentabilidade e inovação.

Caetano, que também é Presidente da ASGEM (Associação Sul Catarinense de Geração de Energia e Meio Ambiente),  atua na defesa da indústria plástica catarinense, participando de eventos como o 4º Fórum de Economia Circular em Porto Alegre (RS) em junho de 2025. Além disso, ele é um porta-voz de iniciativas como a obra "O Paradoxo dos Plásticos", apresentada na Assembleia Legislativa de Santa Catarina para discutir reciclagem e o impacto ambiental do material.
Em agosto de 2024, firmou parceria com a Unesc para estimular a economia circular e novos projetos de reciclagem no Sul de SC. Além de seu papel no sindicato, ele é proprietário da pousada Caminho das Montanhas.

Confira a entrevista: 

Ricardo – Elias, é mais desafiador ser Diretor do Sinplasc e defender as pautas do plástico ou escalar uma bela montanha aqui pelas bandas da serra catarinense?

Elias - Difícil essa hein Ricardo! Ambos são desafios extremos, rsrsrs...  mas por incrível que pareça têm grandes semelhanças!

Escalar na Serra Geral exige entrega total, é um ritual de imersão plena e muito compromisso. O terreno impõe duras exigências e respostas à altura, na escalada não tem facilidades. Os acessos são longos e difíceis, a logística é complexa, muitos equipamentos tornam tudo mais pesado... somado ao clima e as grandes paredes e principalmente pela verticalidade extrema em rochas como arenito e basalto, que exigem atenção redobrada pela presença constante de blocos soltos. Enfim, aventura pura e diversão garantida! Experiências ricas em aprendizados que levamos pra vida!

Mas tem um ponto comum entre a experiência vivida na natureza e os maiores desafios para o setor plástico, e este ponto é importantíssimo: a Sustentabilidade e a Ecologia!

Como montanhista, apesar de não ser nenhum grande exímio escalador, já tive o privilégio de participar da conquista e abertura de cerca de 30 novas vias e rotas, e assim, ser a primeira pessoa a subir algumas montanhas e paredões alcançando lugares até então intocados pelo ser humano. Ter sido o primeiro a tocar e desbravar locais virgens é uma oportunidade ímpar, um privilégio que pouquíssimos têm de experimentar, ainda mais em locais particularmente tão especiais e cheios de vida como é o caso da nossa Serra Geral Catarinense! Dessa experiência foi inevitável aflorar uma conexão de pertencimento com o ambiente natural. Mais do que isso, foi um despertar de consciência para a minha responsabilidade individual por deixar o menor rastro e o mínimo impacto possível nas minhas atividades! Foi um divisor de águas na minha vida, dali em diante não pude mais ser negligente nem omisso para com a minha parcela e o meu dever pessoal pelo cuidado com o ambiente.

“A Mata Atlântica é o bioma mais biodiverso do Brasil, que por sua vez é um dos países mais megadiversos do mundo! Nesse bioma habitam mais de 20 mil espécies de flora e cerca de 2.040 espécies de fauna! Agora, neste contexto, considere que as montanhas que formam a “cordilheira” da nossa Serra Geral são um verdadeiro ecossistema vivo, que pelo difícil acesso do seu terreno escarpado e vertical, permanece praticamente intocado, resultando em um dos remanescentes mais bem preservados da Mata Atlântica primária e original.

Essas condições excepcionais favorecem uma concentração ainda maior dessa biodiversidade nessa região, que são potencializadas com a proximidade com o mar, a ampla altimetria, latitude geográfica, clima, geodiversidade, etc. Todos estes fatores resultaram num mosaico incrivelmente diversificado de habitats, um verdadeiro santuário para uma enorme variedade de espécies atraídas para este território.

Agora some isso a uma abundante quantidade de nascentes de águas cristalinas e temos a nossa Serra Geral numa posição de relevância e destaque no panorama ambiental global. É um hotspot da biodiversidade mundial!

Proteger tamanha preciosidade é algo grandioso! Desconheço ativismo ou ambientalismo maior, mais autêntico, mais verdadeiro ou mais importante do que esse! Nós, montanhistas, somos os maiores conhecedores desse território! Assumimos o protagonismo por defendê-lo e protegê-lo e conquistamos esse reconhecimento com atitude, ética e coerência.

E uma coisa que aprendi na natureza e nos lugares mais preservados que já explorei, é que num meio ambiente equilibrado ou num ecossistema em clímax não existem sobras, excessos, desperdícios e nem lixeira. Lixo e poluição são erros. Erros de design e de comportamento”.

Á partir daí trago esse aprendizado de forma íntegra, ética e coerente para o meu dia a dia na vida urbana e aplicando no âmbito profissional, corporativo e industrial onde atuo, através de ações concretas, destacadamente no âmbito do setor plástico.

O desafio do Setor Plástico é contrapor as maciças campanhas de desinformação que circulam na internet e impactam em regulamentações equivocadas para proibir produtos. O setor faz muito e já desenvolve muitas inovações respondendo à pressão. Mas é necessário políticas transversais para estruturar melhor toda a cadeia da economia circular. A Indústria toma decisões dos muros para dentro. Dos portões para fora fazemos o que está ao nosso alcance que é estimular, incentivar, pressionar e colaborar, mas não podemos entrar nas casas das pessoas para separar o resíduos, nem fazer a coleta seletiva e aterrar apenas os rejeitos pois é competência dos municípios, mas complementamos isso fomentando a Logística Reversa. A indústria recicladora está preparada com capacidade instalada para operar em maior escala, mas as matérias primas (resíduos) precisam chegar nas nossas fábricas em vez de irem para um aterro.

A cultura do consumo em excesso combinada com o modelo ineficaz de gestão de resíduos produz poluição e danos, precisamos parar de varrer o lixo para debaixo do tapete (aterros e lixões) e avançar com as soluções consorciadas mais adequadas e já existentes. Resíduos devem ser recursos, e recursos não devem ser desperdiçados. Os plásticos são muito importantes nesse contexto, pois por serem leves, reduzem cerca de 4 vezes a geração de resíduos urbanos, representando apenas 15% do peso e volume, e além disso são os resíduos mais valorizados após o consumo, representando cerca de 60% da renda dos catadores e recicladores.

Projeções econômicas e demográficas para os próximos 20 anos apontam um crescimento populacional de mais de 2 bilhões de pessoas no planeta e aumento no consumo. Resultado? Vamos gerar mais resíduos. Mais do que nunca, a população precisará de embalagens confiáveis, que sejam leves, acessíveis aos mais pobres, que garantam durabilidade aos produtos, que economizem recursos naturais importantes como energia, água e especialmente gerem menos gases de efeito estufa e menos resíduos, motivos pelos quais justamente os plásticos serão fundamentais para a humanidade nos próximos 20 a 30 anos. Isso significa mais plásticos.

Ou seja, o plástico é bom, o mundo precisará e usará cada vez mais plásticos e o melhor destino dos plásticos ainda é a reciclagem. Até o momento nenhum outro destino é mais adequado ao material, ainda não inventamos nada melhor. O planeta não tem recursos infinitos e a natureza não tem lixeira, o que significa que precisaremos, de todas as formas, de um jeito ou de outro, lidar com maior inteligência e eficácia com os resíduos que geramos e isso pressupõe a importância de toda a sociedade assumir a sua parcela nessa responsabilidade.

A partir de janeiro esse desafio vai aumentar, pois as indústrias precisarão, obrigatoriamente, usar um percentual crescente de conteúdo reciclado na composição das embalagens plásticas. Significa que esses materiais precisarão ser melhor descartados pelos consumidores, coletados pelos municípios, triados pelos catadores, vendidos para a indústria recicladora, e revendidos para a indústria de transformação que vai produzir novos produtos para atender as necessidades dos consumidores. E esse é um grande mercado, em uma extensa cadeia de valor!

Ecologia é a capacidade de interagir, conviver, cooperar e coexistir no Ecossistema onde todos são interdependentes, resultando em desenvolvimento e evolução coletiva e integrada. Não há ecossistema em equilíbrio se os indivíduos não colaboram! Essa cadeia precisa cooperar!


R – Como iniciou sua trajetória no Sinplasc?

E - Fui sócio fundador da Ecocicle, uma indústria recicladora de plásticos, atividade que iniciei em 1997 liderando este empreendimento até 2016. Naquela época a reciclagem era uma atividade totalmente desorganizada e desunida, o segmento reciclador era órfão onde cada empresa seguia à deriva sem representação junto às autoridades, órgãos competentes e entidades e instituições de classe, tanto em âmbito local e estadual quanto nacional. Literalmente a reciclagem nem era considerada um elo integrante da cadeia produtiva dos plásticos. Em 2008, o Seu Jayme Zanatta, então Presidente, me convidou para participar do SINPLASC. Foi quando me associei e à partir daquele momento passei a articular um movimento de integração do segmento das indústrias recicladoras de plástico junto às entidades de classe do setor. Já no SINPLASC passamos a dialogar com outros sindicatos de outras regiões na FIESC. Depois fundamos a Câmara Nacional das Indústrias Recicladoras na ABIPLAST. À partir disso a reciclagem passou a ter uma agenda e representação. Nesta trajetória já estive Vice-Presidente do SINPLASC entre 2013 e 2016, Diretor da Associação Comercial e Industrial de Içara SC – ACII, Diretor Executivo da Associação Brasileira de Descartáveis - ABRADE e do Sindicato das Indústrias de Descartáveis do Estado de Santa Catarina - SINDESC, além de ser o idealizador da Câmara Nacional dos Fabricantes de Descartáveis da ABIPLAST.

Hoje, presto serviços de Advocacy, Assessoria e Consultoria Executiva pela EC pela qual estou como Diretor Executivo no SINPLASC representando o setor industrial de transformação e reciclagem de plásticos do Sul de SC. Também represento a região no Conselho de Administração e Diretoria Plena da ABIPLAST, sou membro do Comitê Estratégico de Logística Reversa e da Câmara da Qualidade Ambiental da FIESC. Além disso represento o Setor Plástico no Conselho Deliberativo da Câmara de Relações Institucionais - CRI da ACIC e integro os G.T.s de Sustentabilidade e Materiais do Ecossistema Local de Inovação Sul Catarinense - ELI / SEBRAE. 

Também estou Presidente da ASGEM - Associação Serra Geral de Escalada e Montanhismo - instituição que ajudei a fundar em 2004 e que hoje é referência no segmento no país. Também sou Conselheiro de Unidades de Conservação como o Parque Nacional de São Joaquim (ICMbio), no Parque Estadual da Serra Furada (IMA) e na Reserva Biológica do Aguaí* (IMA), Integrante dos Comitês dos Planos de Manejo e de Uso Público dos Parques Nacionais de Aparados da Serra e da Serra Geral (ICMBio) e Integrante do Grupo de Trabalho de Educação Ambiental da Secretaria de Meio Ambiente e Economia Verde do Estado de SC (SEMAE).

 

R – 2025 fecha com todas metas e prioridades conquistadas ou ficou algo para 2026?

E - Fizemos muito! Foi um grande ano! Mas nem de longe fizemos o bastante diante da magnitude do desafio e do esforço necessário para colocar a reciclagem no patamar que precisa estar. Também ainda não colocamos os segmentos de plásticos descartáveis e embalagens numa situação de maior tranquilidade e segurança jurídica para um ambiente de negócios favorável.

2026 promete muito! Em 28 anos de plásticos e reciclagem, nunca estivemos tão preparados e tão perto para fazer uma virada de chave e redirecionar o diálogo das principais pautas do setor. 

Estamos com um projeto que tem potencial real para reverter as ameaças e quebrar paradigmas. 

Faremos isso aqui na região. Como maior polo de descartáveis e reciclagem do país precisamos protagonizar esse movimento que chamamos de Transição Justa para a Economia Circular dos Plásticos.


R – Como foi a construção da Lei Federal dos Recicláveis?

E - No exercício do advocacy do setor, já participei como articulador e negociador em diversas agendas estratégicas, conquistando alguns impactos positivos e relevantes que compartilho com parceiros, e um desses é a construção da Lei Nacional de Incentivo à Reciclagem nº 14.260/2021, atuando diretamente junto ao seu autor,  Deputado Federal Carlos Gomes, que tive a honra de trazer para conhecer o Polo Sul Catarinense de Reciclagem em 2018. 

Embora conhecedor da reciclagem enquanto ex-catador, o parlamentar tinha uma visão incompleta da reciclabilidade dos descartáveis. Ele, equivocadamente, acreditava que os descartáveis não tinham reaproveitamento pós-consumo. Depois dessa visita ele mudou seu ponto de vista passando a ser um aliado contrário ao banimento de produtos e atuamos juntos em parceria perante os demais parlamentares pela aprovação dessa matéria pela reciclagem no Congresso. 

A Lei foi devidamente regulamentada somente em 2025 e já no primeiro edital atraiu o montante de R$ 2,2 bilhões em propostas através de 952 projetos inscritos e protocolados junto ao MMA, considerado um sucesso pelo volume recorde que mostra grande engajamento do setor privado e da sociedade civil. Dentre eles contemplamos o Projeto Defesa Circular - Solução para Circularidade de Plásticos de Uso Único e de Baixa Reciclabilidade que estou coordenando em parceria com a Lux junto ao SINPLASC e ao Município de Orleans com suporte da UNESC.

Além dessa importante Lei, atuamos na construção, aprovação e sanção da Lei nº 17.727/2019 de SC e na defesa em mais de 20 matérias legislativas perante câmaras de vereadores, parlamentos estaduais no RS, DF e Bahia, além do Congresso Nacional.


R – Ainda sobre a Lei dos Recicláveis, quais as expectativas do Setor plástico da região com a articulação do projeto-piloto de reciclagem em Orleans?

E - É o projeto perfeito! Pela primeira vez temos um projeto completo, que envolve todos os elos da cadeia e que contempla todas as etapas e todos os processos e atividades ao longo dessa cadeia. Participam Indústrias de Transformação, Consumidores, Município, Aterro Sanitário, Serviço de Coleta Seletiva, Cooperativas de Catadores, Fabricantes de Máquinas e Equipamentos, Indústrias de Reciclagem, sob a coordenação do SINPLASC e e Prefeito de Orleans, com a expertise e competência da UNESC e com a ferramenta Recircula Brasil da ABIPLAST, que fará a rastreabilidade dos resíduos ao longo de todo o fluxo desde as unidades geradoras até os materiais plásticos pós consumo voltarem a ser convertidos em produtos no mercado. 

O Projeto nasce com apoio e incentivo do senador Esperidião Amin, que também está exigindo uma solução para o problema dos plásticos de uso único. E é isso que estamos fazendo. O projeto foi aprovado na última semana pelo Ministério do Meio Ambiente.

Agora cabe ao setor demonstrar interesse real e aportar os recursos para iniciarmos em 2026. Para isso precisamos captar recursos até dia 31 de dezembro.

O Projeto tem por objetivo implantar um modelo piloto, escalável e replicável para a reciclagem e a circularidade dos plásticos de uso único com rastreabilidade auditável, comprovando o real índice e a viabilidade técnica e econômica da circularidade dos plásticos de uso único.

O projeto (fase piloto) será implantado em uma região delimitada do município de Orleans onde irá:

1- Educar, incentivar e fiscalizar os moradores a separar e entregar os resíduos sólidos urbanos recicláveis no sistema de coleta seletiva. Uma ampla, intensiva e contínua campanha será implantada nas comunidades atendidas.

2- Treinar, capacitar, formalizar e estruturar a Cooperativa de Catadores para realizar a coleta seletiva e a triagem.

3- Os Catadores farão a coleta de porta em porta, desempenhando papel de educadores ambientais sensibilizando a comunidade atendida. Catadores têm interesse na qualidade do material coletado e a comunidade se motiva mais a colaborar pelo interesse social, alem do ambiental. A coleta será feita com veículo leve, de pequeno porte, sem dispositivo de compactação.

4- Instalar Unidades de Transbordo / PEVs (Pontos de Entrega Voluntária). Os dispositivos contam com sistema de restrição de acesso evitando que catadores informais desviem os materiais do sistema. Os PEVs serão equipados com Big Bags com dispositivos de rastreamento via RFID, que permitirão registrar o local de origem, quando o material foi descartado.

5- Adequar e Estruturar a Central de Triagem, com equipamentos e métodos e controles, com sistemas autônomos de rastreamento que permitirão registrar e medir a região da fonte geradora, a quantidade e a qualidade dos materiais coletados. Ao fazer a triagem os materiais triados serão separados por tipo e qualidade, com atenção especial aos descartáveis, que serão direcionados ao estoque com dispositivos de rastreamento via RFID. Ao vender e carregar estes materiais o sistema irá confirmar a saída do material do estoque evitando a colidência pela Notas Fiscais de venda e rastreabilidade via Plataforma Recircula Brasil até a Indústria Recicladora e Transformadora que irá converter os materiais em produtos acabados novamente. 

6- Instalar uma Usina de Termoplásticos, onde os rejeitos gerados após o processo de triagem serão transformados em produtos como blocos para construção de casas populares, bancos de praça, pavers, pavimentos, tampas de bueiros etc., que ao serem vendidos ao município ou diretamente ao comércio, também passarão a ser rastreados pela plataforma Recircula Brasil.

Desta forma, todos os materiais plásticos coletados pelo sistema terão um destino nobre e uma nova aplicação útil com circularidade assegurada e comprovada, deixando de ser uso único.

A iniciativa tem por objetivo ampliar a reciclagem e apresentar soluções em cadeia, contrapondo as justificativas das propostas que apresentam o banimento de descartáveis e multicamadas sob a alegação equivocada de que esses plásticos são de uso único e não têm viabilidade pós consumo. Com isso o setor espera resolver de forma definitiva as agendas legislativas contra os plásticos, entregando a comprovação da circularidade dos plásticos de uso único e de difícil reciclabilidade através de mecanismos de rastreabilidade. Após o exercício da fase piloto, a depender do resultado comprovado, o Senador Amin e outros parlamentares poderão defender o setor com dados e argumentos que comprovam outros usos no ciclo de vida desses materiais.

 

R – Brasília e o setor plástico, podemos explicar como fecha o ano com os principais embates entre o setor judiciário, executivo e legislativo com as demandas do setor?

E - Este ano tivemos uma participação especial em 4 momentos decisivos perante o congresso nacional em Brasília. 

Formamos uma comitiva que teve participação decisiva no debate realizado no Senado sobre a participação do Brasil nas negociações do Tratado Global Contra a Poluição Plástica. Nossa defesa foi fundamental para que o Itamaraty endereçasse o tema de forma técnica e equilibrada. O Deputado Daniel Freitas fez uma importante defesa, bem como o Deputado Alex Brasil e o Deputado Volnei Weber, parceiros do setor.

Outro momento importante foi a votação e aprovação do PL 3899/2012. A negociação na adequação do texto que previa banimento de descartáveis e sacolas em cinco anos. Desta forma obtivemos a aprovação do Parecer de Planetário nº 12 que estabelece a Política Nacional de Economia Circular em 29/10/2025 na Câmara dos Deputados, que resultou no PL 5662/2025 que passa a tramitar agora no Senado Federal com texto favorável. Nesta agenda registramos a participação especial do Deputado Luiz Fernando Cardoso Vampiro, que foi decisiva para o êxito.

Além disso tivemos o Fórum Plásticos realizado junto à CNI e ABIPLAST para Parlamentares do Congresso Nacional e Ministérios, onde destacamos a participação expressiva dos nossos parlamentares, foi a bancada mais expressiva e representativa do país, com a presença do Senador Esperidião Amin que destacou a atuação do SINPLASC e a relevância do projeto que estamos desenvolvendo em Orleans, o Senador Jorge Seif que por sua vez destacou a importância de defender a manutenção das Indústrias Plásticas do Sul de SC, o Deputado Vampiro, que se engajou nas pautas e do Deputado Ricardo Guidi que também esteve presente.

Em 26/09 colocamos as demandas e pautas do Plástico entre as pautas prioritárias da Região Sul do Estado na Agenda da Frente Parlamentar Catarinense - bancada dos Deputados e Senadores catarinenses no congresso nacional. Na audiência realizada em Criciúma, houve 9 participações de terceiros que registraram apoio expresso ao setor plástico, além do próprio setor. Isso se deve após forte articulação e mobilização junto às lideranças, entidades, empresários e autoridades, incluindo o Sindicato dos Trabalhadores. Na ocasião contamos com a presença do Presidente da ABIPLAST em Criciúma, Sr. Paulo Henrique Rangel Teixeira.

Para 2026 já estamos organizando um evento especial aqui na região para recebermos os tomadores de decisão em Brasília. Já contamos com a sinalização de apoio expresso de vários parceiros, como o próprio Senador Amin, FIESC e ABIPLAST.

Ainda temos matérias desafiadoras tramitando em âmbito federal e o diálogo sobre esse tema ainda tem sido tratado de forma parcial e equivocada.


R – Elias, estamos juntos no Ecossistema de Inovação de Criciúma e região, o ELI-SEBRAE. Como o setor plástico avalia a participação neste 2025 e as expectativas para 2026?

E - O Ecossistema de Inovação de Criciúma e Região - ELI - SEBRAE foi um fórum de integração e aprendizados valiosos em 25. 

Uma grandiosa contribuição deste trabalho para o setor plástico foi o Hackathon Renovaplast, idealizado e realizado pelo ELI com apoio do SINPLASC, que foi um sucesso envolvendo mais de 100 pessoas, 21 entidades, 9 elos da cadeia e stakeholders, 9 lideranças de expressão que se dedicaram a superar 4 desafios para ampliar a reciclagem, colocando o tema na pauta da região de maneira criativa, envolvente e produtiva ganhando ampla cobertura da mídia e envolvimento da sociedade. 

O Hackathon foi o ponto de encontro que gerou o engajamento entre os atores necessários que hoje estão envolvidos no Projeto Defesa Circular que estamos pilotando em Orleans, então o resultado não poderia ter sido mais importante e relevante!

Agradecemos aos parceiros e estaremos juntos novamente no próximo ano! Podemos desenvolver uma segunda edição, temos orçamento para isso, basta projeto e planejamento!


R – Em números, você poderia descrever o setor plástico em SC e principalmente aqui no sul do estado?

E - Santa Catarina é o segundo estado em fabricação de produtos plásticos e Criciúma é a segunda cidade no estado, atrás de Joinville.

O Setor Plástico ocupa a 2ª posição da indústria de transformação da Mesorregião Sul do Estado de Santa Catarina, com 239 indústrias instaladas, 12.298 empregos diretos gerados e movimento de R$ 5,7 bilhões anuais, gerando uma riqueza para a região de mais de R$ 2,5 bilhões em Valor Adicionado. Além disso, o setor apresenta um coeficiente multiplicador que amplia esse impacto econômico em que para cada R$1 real em Valor Adicionado são movimentados mais R$2,28 em outros segmentos e atividades que orbitam e interagem com as Indústrias Plásticas, representando um dos principais vetores para o desenvolvimento local. A região é o maior polo de descartáveis e o 2º maior polo de reciclagem de plásticos do país.

A metade desses empregos são dedicados à produção de descartáveis (plásticos de uso único) e estão atualmente ameaçados por iniciativas de regulamentações que versam no sentido de banimento de produtos úteis e lícitos. Podemos aprofundar esse assunto em uma outra oportunidade, seria importante esclarecer por que essa é uma abordagem equivocada.

Considerando que praticamente a metade da matriz industrial dos plásticos instalada na Mesorregião Sul do Estado de Santa Catarina é especialmente dedicada aos produtos do segmento de descartáveis. Em termos de volume transformado e de empregos gerados somos o maior polo do segmento no país, onde se estima cerca de 70% da produção nacional desses produtos. Descartáveis são o principal alvo de medidas de banimento, caracterizando portanto, o sul de SC como a região do país mais gravemente impactada e afetada por iniciativas que visam restrição à produção e proibição de produtos plásticos de uso único e que ameaçam inviabilizar o parque fabril pujante, moderno, produtivo e importante especialmente concentrado nessa região, resultando em iminente risco de migração da produção através da substituição por empresas e empregos gerados em outros locais e principalmente de fora do país. Essa conjuntura torna a pauta relevante e de interesse regional, extrapolando o mero interesse setorial. 

Significa que a economia de uma região inteira está seriamente ameaçada e deve estar mobilizada para enfrentar essas ameaças. O Congresso Federal precisa tomar conhecimento a respeito.

Também somos o segundo maior polo reciclador de plásticos do Brasil, o que significa que conhecemos os gargalos e os desafios dessa cadeia produtiva bem como os fatores críticos para a ampliação dos índices dessa atividade, que, além de resolver com efetividade o problema dos resíduos plásticos, ainda gera emprego, renda e inclusão social. Somente a região sul do Estado recicla em torno de 135 mil toneladas de materiais plásticos por ano, beneficiando diretamente cerca de 36 mil catadores.


R – Uma mensagem final para o leitor do Circulando sobre a importância do setor plástico para os cidadãos de nossa região?

E - Aos cidadãos, separem o seu lixo! E cobrem do seu município a coleta seletiva!

Aos empresários, apoiem o setor, contribuam com o projeto em Orleans, é mais que um município, é mais que um setor, é uma agenda necessária e positiva para a região e para a sociedade! Não custa nada, é rápido e barato, através da dedução do Imposto de Renda!

Bóra lá fazer acontecer em 2026!  Obrigado e um forte abraço!

Links:

Apresentação Projeto Defesa Circular

https://parcerias.transferegov.sistema.gov.br/ep-atos-prep-web/atos-prep/proposta/detalhamento/35292

 

Enviando Comentário Fechar :/